17/02/2011

Vias


Tentamos no início
marcar o trajeto

definir a rota
estipular prazos
cumprir horários

planejar visitas
prever o tempo
carregar mapas

Mas no final a única
certeza será a incerteza
da viagem.


(Terei pego a estrada certa...?)

Catarse


Hoje resolvi
chorar meus mortos
antes esquecidos
e amordaçados
numa noite sem fim

Abri janelas
Afrouxei amarras

Permiti
que falassem
se chegando
mais perto

que tocassem
meus poros

que pingassem
de mim

12/02/2011


Mi mano

su mano

carino

un beso


te extraño

mi niño

pequeño

compañero

de conversaciones

interminables


mi guia

mi sol

la luz


extraño

su grosserias

su palabras

su cocina


Por qué

es desaparecido

de mi vida?


Por qué se fue

sin despedida

sin dame

un beso

de adios?


su olor

quedou

em el aire

a mi alrededor


y a veces

yo quedo a pensar

que vos traerá

el pan

y dividirá la cerveza


y preguntará

lo que había

em la cena


un día...

quien sabe...


(y debe pensar que esta

hija de la puta no habla español

porque mora em Brasil)

15/11/2007


Ao Vento


Tento alçar
vôo
mas me sangram
as garras
já não afiadas

se contraem
as víceras
antes
esquecidas

se calam
as asas
já pesadas

Já não sou
ou não fui
não sei ao certo

apenas arranco
meu coração
e o ofereço ao vento

21/04/2007


Contra o fluxo




Entro na contramão

faróis me cegam a vista

buzinas me calam a boca
Lírio da paz



Folhas traçadas,
quase esculpidas
de verde cor
esperança;
renascem,
crescem
tal qual buquê
de verdes mantos;
Solitária flor
em concha,
branca flor
altaneira,
derrama
teu pólen
pelo mundo,
espalha

gotículas de paz.

13/04/2007

Mares



Imensos mares,
enigmáticas águas
imaginárias,
melindrosas
correntes
traiçoeiras,

Mornas ondas,
gélidas marolas,
frios habitantes
colorem e piscam
escuro ambiente
intocável
em profundezas
submersas;

Salobra claridade,
migrações,
movimentos,
um vai-e-vem,
um vem-e-vai
de sentimentos.
Curtas na tela

Um ipê amarelo
rubro ficou ao ouvir
gracejos dos pássaros

O dia chegou feliz
o sol abraçou o mundo
em seus raios diamantes

Àrvores choraram
e suas lágrimas secas
forraram o chão

O frio vem cortante
encolhendo as plantações
dos meus girassóis

Vem a tempestade
os raios rasgam o céu
luz pinga na mata

As flores sairam
dos seus casulos em cores
e a manhã sorriu
Passa o tempo


O tempo
pinga
e pinga
numa
constância
irritante
arranhando
diamantes
nas nervuras
das mentes
já alquebradas
Horas
caem
minutos
escorregam
segundos
voam
pelo buraco
invertido
que tenta
barrar-lhes
a passagem
em vão
E o tempo
esbarra
se aperta
e passa
em pingo
que martela e
pinga
pinga
pinga

10/04/2007

Renovação




Risos caíram
e se foram
com o vento
outonal

A natureza
estremeceu
secou
e em conchas
se fechou

Aguardou
paciente
as estações
vindouras

Renovação
adormecida

Vício



Embriaguei-me

na maresia

de seus olhos

cor do mar

08/04/2007

Grávida



Uma vontade
cresce dentro
de mim;
Antes pequena,
mínima até,
só agora percebo
que já estou
a explodir;

Não mais
me controlo,
retinas
dilatam,
veias
desatam,
palavras vêm
à boca,

e salivo,
e cuspo
dizeres
sem nexo,
sem dó,
sem remorso,

e grito
Sou parteira de mim.